Birras e frustrações: como acolher as emoções das crianças sem perder a calma

Birras e crises emocionais são parte natural do desenvolvimento infantil, mas isso não torna essas situações menos desafiadoras para os pais. Ver uma criança gritando, chorando ou se jogando no chão pode ser frustrante e até constrangedor, especialmente em público. No entanto, esses momentos são oportunidades valiosas para ensinar as crianças a lidar com suas emoções e para fortalecer os vínculos familiares. A chave está em acolher as emoções da criança sem perder a calma. 

1. Por que as birras acontecem: 

As birras são uma forma de comunicação. Crianças pequenas ainda não têm vocabulário ou habilidades emocionais para expressar o que sentem, então usam o corpo e o comportamento para transmitir suas necessidades. Birras podem ser causadas por fome, cansaço, frustração, sobrecarga sensorial ou a necessidade de atenção. Entender o que está por trás do comportamento é o primeiro passo para lidar com a situação de forma respeitosa. 

2. Como manter a calma: 

Lidar com birras exige que os pais estejam emocionalmente regulados. Se você estiver nervoso ou irritado, é mais difícil ajudar a criança a se acalmar. Aqui estão algumas estratégias para manter a calma: 

– Respire fundo: Pare por alguns segundos e respire profundamente antes de agir. 

– Lembre-se do contexto: Birras são normais e fazem parte do desenvolvimento infantil. 

– Mantenha o foco na solução: Em vez de pensar “Isso é insuportável”, pergunte-se “Como posso ajudar meu filho agora?” 

3. Acolhendo as emoções da criança: 

Acolher as emoções da criança não significa ceder às suas demandas, mas sim validar o que ela está sentindo. Isso ajuda a criança a se sentir compreendida e abre espaço para o diálogo. Aqui estão algumas frases que podem ajudar: 

– “Eu vejo que você está muito bravo porque não pode brincar agora.” 

– “Você está triste porque queríamos ir ao parque, mas está chovendo.” 

– “É difícil esperar, não é? Mas logo será sua vez.” 

Essas frases mostram que você entende as emoções da criança, o que ajuda a acalmá-la. 

Veja os jogo educativos disponíveis para baixar – Jogo das Emoções

4. Prevenindo futuras birras: 

Embora as birras sejam inevitáveis em certa medida, é possível criar um ambiente que minimize sua frequência e intensidade. Aqui estão algumas dicas: 

– Estabeleça rotinas: Crianças se sentem mais seguras quando sabem o que esperar. 

– Ofereça escolhas: Dar opções simples (ex.: “Você quer vestir a camisa azul ou a vermelha?”) ajuda a criança a sentir que tem controle. 

– Antecipe necessidades: Evite situações que possam desencadear birras, como sair de casa com a criança cansada ou com fome. 

5. Casos práticos: 

– Birra em público: Seu filho começa a gritar no supermercado porque quer um doce. Em vez de ceder ou brigar, ajoelhe-se ao nível dele, olhe nos olhos e diga: “Eu sei que você quer muito esse doce, mas hoje não vamos comprar. Podemos escolher uma fruta que você gosta?” 

– Frustração com tarefas: Ele está tentando montar um quebra-cabeça e começa a chorar porque não consegue. Diga: “Montar quebra-cabeças pode ser difícil, mas você está indo muito bem. Quer que eu te ajude com essa parte?” 

– Transições difíceis: Ele não quer parar de brincar para tomar banho. Avisar com antecedência pode ajudar: “Em 10 minutos, vamos guardar os brinquedos para o banho. Você quer brincar mais um pouco ou já quer escolher qual pijama vestir?” 

Leia também: Como lidar com as frustrações na escola

Conclusão: 

Birras e frustrações são desafios comuns na criação dos filhos, mas também são oportunidades para ensinar habilidades emocionais importantes. Ao acolher as emoções da criança, manter a calma e oferecer apoio, você estará ajudando seu filho a lidar com sentimentos difíceis de forma saudável. Com o tempo, essas situações se tornarão menos intensas e frequentes, e você verá os frutos de uma relação baseada no respeito e na empatia. 

Referencial Teórico

Disciplina Positiva:

1. Disciplina Positiva – Jane Nelsen. Livro-base sobre o conceito de Disciplina Positiva, abordando práticas respeitosas e encorajadoras para famílias, professores e crianças.

2. Disciplina Positiva para Crianças de 0 a 3 Anos – Jane Nelsen, Cheryl Erwin e Roslyn Duffy. Guia prático para os primeiros anos de vida da criança.

3. Disciplina Positiva para Crianças com Deficiência – Jane Nelsen, Steven Foster e Arlene Raphael. Enfoque na educação respeitosa de crianças com necessidades especiais.

4. Disciplina Positiva na Sala de Aula – Jane Nelsen, Lynn Lott e H. Stephen Glenn. Abordagem para educadores aplicarem os princípios da Disciplina Positiva no ambiente escolar.

5. Disciplina Positiva para Adolescentes – Jane Nelsen, Lynn Lott e Cheryl Erwin. Estruturado para ajudar pais e educadores a lidarem com os desafios da adolescência.

Comunicação Não-Violenta (CNV):

1. Comunicação Não-Violenta: Técnicas para Aprimorar Relacionamentos Pessoais e Profissionais – Marshall B. Rosenberg. Livro essencial que apresenta o conceito e a aplicação da CNV em diferentes contextos.

2. Educar com Amor: A Comunicação Não-Violenta com Crianças – Marshall B. Rosenberg e Inbal Kashtan. Focado na aplicação da CNV em contextos de educação infantil e familiar.

3. Vivendo a Comunicação Não-Violenta – Marshall B. Rosenberg. Compilação de exercícios práticos e exemplos para incorporar a CNV no dia a dia.

4. Criando Filhos Compassivos: Comunicação Não-Violenta para Pais – Marshall B. Rosenberg e Victoria Kindle Hodson. Guia específico para pais adotarem práticas de comunicação empática.

Daniel Siegel (Neurociência e Educação Emocional):

1. O Cérebro da Criança – Daniel J. Siegel e Tina Payne Bryson. Aborda o desenvolvimento cerebral infantil com estratégias práticas para pais e educadores.

2. Disciplina sem Drama – Daniel J. Siegel e Tina Payne Bryson. Explica como criar conexões saudáveis entre pais e filhos com base no funcionamento do cérebro.

3. Crianças Autônomas, Cérebro Saudável – Daniel J. Siegel e Tina Payne Bryson. Explora como incentivar a autonomia das crianças enquanto se fortalece o vínculo afetivo.

4. O Poder da Presença – Daniel J. Siegel e Tina Payne Bryson. Guia para os pais sobre como o relacionamento presente e consciente pode moldar positivamente o cérebro das crianças.

5. Mindset: A Nova Psicologia do Sucesso – Carol S. Dweck